A crise econômica mundial afetou o mercado de trabalho para profissionais de TI. Muitas empresas do setor estão enxugando operações e reduzindo o quadro de pessoal ao redor do mundo, o que deverá causar reflexo também no Brasil. Mas embora as companhias estejam apertando os cintos, o segmento oferece oportunidades para especialistas que estejam up to date com as inovações tecnológicas e tenham diferencial competitivo, garantem consultores em Recursos Humanos.
O fechamento fiscal de muitas empresas fez com que diversas companhias do setor anunciasse corte de pessoal. Foi o caso da Microsoft que comunicou esta semana que vai demitir cinco mil profissionais. A filial brasileira garantiu que a reestruturação não atingirá a operação local. Ericsson, IBM, SAP, Google. Motorola e AMD foram outras que também cortaram vagas lá fora.
As noticias internacionais podem assustar, mas não se sabe ainda com exatidão o quanto a crise afetou o mercado de trabalho de TI no Brasil, que até o ano passado apresentava oferta maior que a procura por vagas por pessoas capacitadas.
Para Claudia Barronca, gerente de Recursos Humanos da consultoria Topmind, especializada na contratação de profissionais para o setor, a crise atingiu sim essa indústria. Mas observa que como muitas empresas dependem 100% da tecnologia para tocar seus negócios, elas continuarão buscando mão-de-obra especializada.
“Num primeiro momento, muitas empresas vão apertar os cintos e adiar projetos. Mas a TI não para”, diz a executiva explicando que elas terão de buscar profissionais para necessidades mais urgentes. Entre as áreas que vão demandar mão-de-obra especializada, Claudia destaca infraestrutura de tecnologia, segurança da informação e gestão de riscos. Os que atuam neste setor e estiverem atualizados tem chances de se darem bem no mercado de trabalho.
Outras áreas quentes
“As empresas não param de investir em TI, pois é em momento de crise que precisam ficar mais produtivas e melhorar processos”, acrescenta Leonardo Dias, gerente de estratégias da consultoria em RH Catho. Ele constata que a demanda do setor por talentos reduziu, mas a indústria de TI ainda está na contramão da crise e é um dos segmentos da economia que mais tem usado os serviços da consultoria em janeiro para contratação de profissionais.
A maioria das ofertas é para analista de sistemas. Há oportunidades também para webdesigners, desenvolvedores de aplicações para terminais móveis, especialistas nas linguagens Java, .Net e por incrível que pareça em Delphi. Para atuar nessas áreas, os profissionais precisam ter domínio dessas tecnologias e comprovar suas habilidades por meio de certificação.
Para Dias, a crise pode ser uma oportunidade para quem está em busca de uma nova recolocação. Ele percebe que algumas empresas estão demitindo os que ganham mais e buscando gente nova para diminuir gastos. Sua recomendação aos profissionais é que se mantenham atualizados e procurem constantemente aprimoramento da carreira, ou seja, estejam preparados.
Sem crise
Na CPM Braxis, prestadora de serviços em TI, que atende o mercado interno e de exportação, a crise não reduziu as contratações. A empresa está com cerca de 300 vagas abertas para profissionais da área. Há oportunidades para líderes de projetos e analistas júnior e sênior. Todos devem ter curso superior e domínio do inglês. Alguns precisam conhecer linguagem Java.
A companhia está recrutando ainda talentos que saibam trabalhar com Cobol, plataforma muito utilizada pelos bancos e operadoras de telecomunicações.
Alexandre Ullma, gerente de RH da CPM Braxis, comenta que alguns projetos de TI até foram atingidos pela crise, como é o caso dos de gestão empresarial, mas que outros estão a todo vapor e carecem de mão-de-obra, motivo pelo qual a consultoria está contratando.
“Precisamos contratar esses 300 profissionais até março”, afirma o executivo. Ele brinca que quem estiver demitindo pode indicar os talentos para a CPM Braxis. Aos candidatos que querem se candidatar a uma das vagas ele recomenda que mandem um currículo bem feito.
O executivo conta que muitos são reprovados nessa primeira triagem porque não dizem de cara no objetivo a tecnologia que mais conhecem. "O profissional tem medo de passar a idéia de que é limitado a uma tecnologia específica e mencionam várias", observa Ullma, que entrega a palavra-chave da peneira do currículo na CPM Braxis, que é a tecnologia que o candidato mais domina.
Garanta seu emprego
Segundo Claudia, da Topmind, com a crise devem aumentar as cobranças em cima dos profissionais de TI e os supersalários serão mais raros. Isso significa que para se manter empregado, os talentos terão de investir mais em qualificação. As empresas vão dar preferência para os que são mais flexíveis, dinâmicos, criativos, que se relacionam bem e que tem diferencial competitivo.
"O momento não é de acomodação", alerta a consultora. Ela recomenda aos profissionais que busquem aprimoramento contantemente e que façam um plano de carreira com planejamento de onde querem chegar no curto e longo prazo. É importante estabelecer metas para atingir esses objetivos e revisar de tempos em tempos.
Claudia reforça que é muito importante ter um plano de carreira para um melhor posicionamento no mercado de trabalho. Segundo ela, essa essa tarefa é do profissional e não mais da empresa. Por esse motivo, todos deveriam dedicar um tempo na elaboração desse plano de voo.
A consultora chama ainda atenção de que não adianta ser bom apenas em tecnologia. O desenvolvimento do lado comportamental é essencial nos dias de hoje. Aos que tem dificuldade para lidar com equipe e se relacionar bem com os que dependem de seu trabalho, Claudia aconselha que recorram a cursos não apenas técnico, mas também aos que ajudem no crescimento pessoal. "Hoje o marketing pessoal é tudo", adverte a especialista.
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